Hoje, quando me sentei para escrever sobre a notícia de mais um júri de certificação, pensei em fazê-lo de forma tranquila, mas o meu espírito estava inquieto.
Podia, simplesmente, referir o nome de mais uns quantos adultos, ou apenas o seu número, talvez como:
- No passado dia 27 de outubro, o Centro NO da ES Gabriel Pereira certificou mais cinco adultos com o nível secundário, cumprindo mais uma vez o seu papel de contribuir para elevar o nível de qualificação da população portuguesa, como estrutura do Sistema Nacional de Qualificação que é.
No entanto, e depois de ver no canal público de televisão, em horário nobre, mais uma sátira ao papel dos Centros NO, denegrindo (mas com graça!) a imagem destes e continuando a passar a ideia de facilitismo, que não é de todo real, fiquei preocupado e inquieto.
O processo de reconhecer competências, de valorizar os adquiridos experienciais de um adulto, que por circunstâncias da vida teve que abandonar a escola mais cedo do que devia, é uma tentativa de repor alguma verdade, em termos do valor real de muitas pessoas que connosco se cruzam no dia a dia.
O nosso grande problema continua a ser o de politizar tudo, pintar com determinada cor uma dada ideia, um dado procedimento, um dado caminho...
E como na moda, quando a cor deixa de agradar, mesmo a peça mais bem elaborada perde parte do seu brilho e, muitas vezes, colocamo-la de lado.
Espero que estes progressos na Educação de Adultos, qual peça fora de moda, não sejam colocados no baú e continuem a dar o seu contributo, de uma forma honesta, para a progressão de todos e de cada um em particular, na construção de um Portugal mais justo.